Os Conselhos Regionais de Serviço Social da Região Norte manifestam preocupação e indignação frente a violência que a Amazônia vem sofrendo há décadas, e acentuando-se nestes últimos meses. A recente intensificação das queimadas e do desmatamento demonstra panoramicamente uma crise climática, política, ambiental, econômica e social, que precisa ser enfrentada de forma responsável pelo Estado Brasileiro e pelo mundo.

Em um momento em que o governo brasileiro adota como política ambiental o apoio à expansão do agronegócio e flexibilização das leis ambientais, se faz necessário nos mantermos atentos e fortalecidos para o enfrentamento dessa lógica do lucro a qualquer custo, que destrói a fauna e a flora e ceifa vidas.

Não há duvidas de que o problema da miséria e da fome no Brasil não está correlacionado com as demarcações de terras indígenas e/ou áreas de proteção ambiental.   Esta falácia está sendo política e institucionalmente disseminada em detrimento da agricultura familiar e da distribuição de terras para os brasileiros. Qual o grande interesse na Amazônia, afinal?

Nossas riquezas interessam ao grande capital e a busca incessante pelo lucro provocará grandes e irreversíveis estragos em nossa região, com impactos socioeconômicos e ambientais para o Brasil e o mundo.

Como diz David Harvey (2011,p.41) “o capital não é uma coisa, mas o processo em que o dinheiro é perpetuamente enviado em busca de mais dinheiro...o dinheiro... é uma forma de poder social que não tem limites inerentes”. Portanto, é necessário impedir essa destruição da vida e das nossas florestas e a força dos povos da Amazônia nos ajudará a enfrentar e resistir a essa onda de insanidade que vem tomando corpo, numa fração da população brasileira.

Na Amazônia encontram-se metrópoles, grandes e pequenas cidades, que sofrem com o descaso e a ignorância de governos e que também estão sendo impactadas com o desmatamento e incêndios assassinos. A luta pela conservação da Amazônia não pode estar desconectada de um olhar para um novo modelo de sociedade, não mais centralizado no lucro, mas sim no desenvolvimento e liberdade humana, longe das amarras do capital e perto de uma nova relação entre os seres humanos, pautada na conservação da natureza e igualdade social.

Ao falarmos da Amazônia, exaltamos a vida que percorre e sobrevoa nossas terras e rios. Exaltamos os povos indígenas, quilombolas e tradicionais que cuidam e preservam uma das maiores e mais rica região do continente americano.

As chamas que queimam nossas florestas nos destroem a cada dia, mas também nos impulsionam a lutar e mostrar ao mundo o poder da nossa pororoca. Vamos! É necessário ir à luta, defender o nosso lugar, a nossa terra, a nossa Amazônia.